segunda-feira, 7 de março de 2011

VINICIUS DE MORAES FALANDO COM O CORAÇÃO



Eu não existo sem você...
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim,
que nada neste mundo levará você de mim.
Eu sei e você sabe, que a distância não existe,
que todo grande amor,
só é bem grande se for triste.
Por isso, meu amor,
não tenha medo de sofrer,
que todos os caminhos
me encaminham para você.
Assim como o oceano só é belo com luar.
Assim como a canção só tem razão se cantar.
Assim como uma nuvem só acontece se chover.
Assim como um poeta só é grande se sofrer.
Assim como viver sem teu amor, não é viver,
não há você sem mim,
eu não existo sem você!!!

De tudo, ao meu amor serei atento
antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto,
que mesmo em face do maior encanto,
dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento,
e em seu louvor hei de espalhar meu canto,
e rir meu riso e derramar meu pranto.
ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive,
quem sabe a solidão, fim de quem ama,
eu possa lhe dizer do amor (que tive):
que não seja imortal, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure...


Deveria chamar-te claridade
Pelo modo espontâneo, franco e aberto,
com que encheste de cor
meu mundo escuro...


Prezo muito minhas amizades e
reservo sempre um canto
no meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião,
também não perco a oportunidade
de dar um amigo a um amigo,
da mesma forma
que eu ganhei vocês.
E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade além de contagiosa
é totalmente incurável.

Tomara,
que você volte depressa,
que você não se despeça
nunca mais do meu carinho,
e chore, se arrependa,
e pense muito
que é melhor se sofrer junto,
que viver feliz sozinho.

Tomara,
que a tristeza te convença
que a saudade não compensa,
e que a ausência não dá paz.
E o verdadeiro amor de quem se ama,
tece a mesma antiga trama
que não se desfaz.

E a coisa mais divina
que há no mundo,
é viver cada segundo,
como nunca mais..

Tudo quanto na vida eu tiver,
tudo quanto de bom eu fizer,
será de nós dois.

Uma casa num alto qualquer,
com um jardim e um pomar se couber,
será de nós dois.

E depois, quando a gente quiser,
passear, ir pra onde entender,
não importa onde a gente estiver,
estaremos a sós.

E depois quando a gente voltar,
o menino que a gente encontrar,
será de nós dois.

E de noite quando ele dormir,
o silencio do tempo a fugir,
será de nós dois.

E por fim, quando o tempo fugir,
e a saudade nos der de nós dois,
e a vontade vier de dormir,
sem ter mais depois.
Dormiremos sem medo nenhum,
pois aonde puder dormir um,
podem dormir dois.


Tem dias que eu fico pensando na vida,
e sinceramente não vejo saída.
Como é por exemplo, que dá pra entender,
a gente mal nasce e começa a morrer?
Depois da chegada vem sempre a partida
porque não há nada sem separação.

Sei lá,
sei lá...
Só sei que é preciso paixão!
Sei lá,
sei lá...
A vida tem sempre razão!

A gente nem sabe que males se apronta,
fazendo de conta, fingindo esquecer,
que nada renasce antes que se acabe
e o sol que desponta tem que adormecer.
De nada adianta ficar-se de fora,
a hora do sim é o descuido do não...

Sei lá,
sei lá...
Só sei que é preciso paixão

Não é maior o coração que a alma,
nem melhor a presença que a saudade.
Só te amar é divino, e sentir calma...

E é uma calma tão feita de humildade,
que tão mais te soubesse pertencida,
menos seria eterno em tua vida.


A vida é a arte do encontro,
embora haja tanto desencontro
nessa vida...

De repente do riso fez-se o pranto,
silencioso e branco como a bruma.
E das bocas unidas fez-se a espuma.
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
que dos olhos desfez a última chama.
E da paixão fez-se o pressentimento.
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,
fez-se de triste o que se fez amante,
e de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante.
Fez-se da vida uma aventura errante.
De repente, não mais que de repente.
Aqui jaz o Sol
que criou a aurora,
e deu a luz ao dia,
e apascentou a tarde.

O mágico pastor
de mãos luminosas,
que fecundou as rosas
e as despetalou.

Aqui jaz o Sol,
o andrógino meigo
e violento, que
possui a forma
de todas as mulheres,
e morreu no mar...


































































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